sábado, 15 de fevereiro de 2014

A COPA DO MUNDO NO BRASIL É A VITÓRIA DE UM PAÍS DE TANTAS VITÓRIAS

Em primeira mão, sobre a Copa do Mundo no Brasil, segue artigo do Deputado Estadual e Ex-Prefeito de Araraquara, Edinho Silva.



"A vitória brasileira nas disputas pelas sedes da Copa do Mundo e Olimpíadas, no Rio, foi a materialização emblemática de um país que já havia obtido muitas vitórias no campo social e econômico. Vitórias que mudaram radicalmente a imagem internacional do Brasil e criaram as condições para que o Governo brasileiro liderasse feitos históricos que fizeram explodir a autoestima do povo brasileiro.

A vitória em sediarmos a Copa é a vitória de um país que venceu a exclusão social, que venceu o desemprego, que venceu a estagnação econômica, que venceu o ciclo vicioso da desigualdade, que venceu o "complexo de vira lata" e que hoje é respeitado internacionalmente.

As nossas vitórias, tanto em sediarmos a Copa do Mundo, como as Olimpíadas, geraram uma imensa frustração nos setores conservadores da nossa sociedade e naqueles setores que buscam crescer politicamente com o sentimento derrotista que por séculos se enraizou no espírito dos brasileiros.

As reações que assistimos no período posterior às nossas vitórias internacionais foram tentativas, até agora exitosas, de desconstrução do significado da Copa e das Olimpíadas para o nosso país como uma vitória de todos os brasileiros.

De forma simplista, mas sem contrainformação, os conservadores criaram o antagonismo entre os investimentos feitos para sediarmos a Copa do Mundo e os problemas sociais, muitos seculares e já enfrentados com políticas públicas. Disseminaram na opinião pública que um país com problemas sociais não pode ser sede de grandes eventos esportivos. Essa falsa contradição hoje permeia a opinião pública e tem sido "palavra de ordem" nas mobilizações de rua.

O esporte, no caso em tela, o futebol, é uma potente âncora econômica com capacidade de gerar empregos e distribuir renda, com potencial para fomentar grandes programas sociais de inclusão social, principalmente para crianças e adolescentes, no combate a violência e ao uso de drogas. O esporte e a cultura como educação complementar são políticas públicas que podem mudar a vida de comunidades inteiras.

Os investimentos feitos como financiamentos, portanto, a serem restituídos aos cofres do BNDES, que é um banco federal de fomento econômico e social, têm que ser concebidos como incentivo ao desenvolvimento de um setor da economia, esporte/futebol, com capacidade de venda de serviços, de combater desigualdades regionais com a geração de empregos e renda.

A crítica correta e construtiva não é aquela feita aos financiamentos, ou mesmo aos investimentos dos governos locais e estaduais, mas sim à falta de um projeto para o esporte, de forma específica no caso da Copa do Mundo, ao futebol. O Brasil tem todas as condições pela identidade cultural do seu povo de desenvolver um projeto que seja transformador sob a concepção da gestão moderna e que projete o Brasil como um país que tenha um futebol bem gerido, sustentável economicamente e que mobilize socialmente as nossas crianças e jovens para as políticas públicas inclusivas e cidadãs.

O Brasil é o único país do planeta com potencial para transformar o futebol em âncora econômica de dimensão nacional e que ao mesmo tempo seja, com força organizativa, sustentáculo de programas sociais de combate a exclusão social de nossas crianças e adolescentes.

Para isso é preciso que superemos dogmas e resistências. É preciso enfrentar o debate da falta de um projeto nacional para o futebol. É preciso reconhecer que falta política de Estado para o fomento econômico e social do futebol brasileiro. É preciso dar todo o apoio necessário ao Ministro Aldo Rebelo para que esse estágio seja superado.

Os ataques sofridos pelos governos brasileiros pela organização da Copa do Mundo trazem consigo uma carga imensa de preconceito de setores da sociedade brasileira. Uma parcela desse preconceito plenamente justificável, a outra totalmente equivocada e inflamada pelo oportunismo político partidário dos setores mais conservadores e obtusos da nossa sociedade. A esquerda brasileira sempre alimentou muita resistência ao futebol por ter sido ele instrumento de manipulação da opinião pública durante os regimes autoritários. Muitos formadores de opinião têm restrições ao futebol por ser ele um espaço de corrupção e de encastelamento de "cartolas" que não têm capacidade para administrar o mais simples dos estabelecimentos comercias. Também tem aqueles que identificam o futebol como espaço de realização de projetos pessoais e de satisfação de puro ego. Tudo isso reflete a realidade do futebol brasileiro e o transforma em "um cenário" de manifestações de amor e ódio, de paixões e incoerências. Mas o futebol é uma atividade econômica, apaixonante, carregada de imaginário coletivo. É uma atividade econômica e precisa ser concebida com tal.

A Alemanha nos mostrou na Copa de 2006 que é possível fazer de um evento mundial o ponto de partida de um projeto econômico, administrativo que faça do futebol uma âncora econômica sustentável. Os resultados do futebol alemão dentro de campo não são obra do acaso. Os alemães têm hoje o futebol melhor gerido do mundo, têm uma atividade econômica sustentável, por esse motivo serão hegemônicos no futebol mundial pelo próximo período.

Podemos fazer da Copa do Mundo no Brasil um ponto de partida para algo novo para o nosso futebol (ampliando para o esporte como atividade da nossa economia) ou podemos apenas transformar esse espaço como a reprodução de todos os nossos erros e equívocos. A reposta está com a nossa capacidade de iniciativas."

Edinho Silva, deputado estadual pelo PT.


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